Desinformação é a maior barreira para expandir uso da tecnologia que pode aumentar a segurança dos animais domésticos e reduzir os índices de abandono
Os números são preocupantes: no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães, segundo os últimos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Iniciativas para aumentar o uso de chips de identificação e registro para pets prometem mudar esta realidade. Mas para isso, ainda é preciso vencer a desinformação. Donos de pets e até mesmo profissionais médico veterinários ainda têm dúvida sobre a utilização desta tecnologia para o beneficio dos animais. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) entrevistou a veterinária Evelyn Sue Kato, do Instituto Nacional de Ações e Terapia Assistida por Animais (ONG Inataa), que tirou as dúvidas mais comuns sobre o tema.
O que é o microchip para identificação animal?
O microchip é um circuito eletrônico do tamanho de um grão de arroz, encapsulado em vidro. O dispositivo possui um número único que é revelado quando aproximado a um leitor. Esse número pode ser cadastrado em um banco de dados com informações do proprietário, nome, raça e idade do animal.
O microchip pode machucar o animal?
O microchip não machuca, pois é implantado no subcutâneo. E como todos os microchips contam com uma agulha única, descartável, que é muito afiada, o animal quase não sente a aplicação. Além disso, em algumas marcas ele é revestido por uma substância biocompatível para uso animal, o que diminui a migração no corpo do pet. Isto é, ao ser aplicado, estes modelos facilitam a formação de um tecido ao redor do microchip, o que aumenta a aderência, diminuindo o risco de movimentação.
Por que implantá-lo em seu pet?
São dois fatores importantes: o microchip é mais eficiente que as coleiras com o RG animal (RGA), que podem ser perdidas pelo pet. Mas é importante lembrar que ainda não há um registro central de animais, apenas algumas iniciativas, como no município de São Paulo, onde o registro de animais domésticos é obrigatório, e do Centro de Controle de Zoonoses, que possui um banco de dados. Além disso, algumas marcas de microchips trabalham com sistema próprio. O segundo ponto importante é para clubes de criadores, que podem usar o chip como garantia de procedência do animal, pois não é fácil tirar o microchip de cachorro de raça e implantar em outro de origem desconhecida.
O microchip é obrigatório?
Ele não é obrigatório. Em caso de viagens internacionais, alguns países exigem o registro. Aliás, a identificação eletrônica dos animais também é obrigatória para a concessão do Passaporte para Trânsito de Cães e Gatos. Em São Paulo, a Lei 14483 já determina, desde 2007, que os canis e gatis do município só comercializem, doem ou permutem animais com microchip e esterilizados.
O microchip tem validade?
O microchip tem um prazo limite para ser aplicado, é a data de validade que consta na embalagem e que garante a esterilização do produto. Uma vez implantado ele dura mais do que a vida estimada de qualquer espécie de animal doméstico. Como não tem bateria e fica inativo a maior parte do tempo, só funcionando no momento da leitura, não existe o risco de parar de funcionar.
É muito caro implantar o microchip no pet?
O microchip está ficando acessível. Hoje uma aplicação na cidade de São Paulo está em torno de 100 reais, mas isso pode variar muito de região para região.