Em meio à popularização de produtos veganos para animais de estimação, a Abinpet alinha-se às informações de cunho científico, produzidas no Brasil e no exterior.
Dessa forma, a entidade acredita que o setor ainda carece de conceitos para definir quais alimentos podem ser definidos como vegetarianos e/ou veganos sem prejuízo da nutrição animal, e quais são as diretrizes para a produção desses produtos. Já as dietas veganas ou vegetarianas preparadas em casa podem oferecer riscos aos animais, pois desequilíbrios nutricionais não estão descartados, assim como qualquer outra preparação caseira sem acompanhamento veterinário. Por isso, salientamos a importância do envolvimento do profissional competente para desenvolver formulações para os animais de estimação. Estão hoje habilitados médicos-veterinários e zootecnistas.
Permanece até hoje a certeza de que estabelecer padrões para a alimentação de cães e gatos é uma tarefa desafiadora, pois esse tipo de decisão pode dizer respeito, por exemplo, a uma filosofia e opção consciente de seres humanos, como o veganismo. Embora existam nutrientes essenciais que têm como única fonte ingredientes de origem animal, como a taurina e o ácido araquidônico (tipo de ômega-6), recentes tecnologias no setor de alimentação permitem a produção desses nutrientes de forma sintética.
No entanto, pesquisa recente da Universidade de São Paulo com quatro produtos veganos para pets produzidos no Brasil mostraram que os itens estudados apresentavam deficiência de ambas as substâncias, entre outras.
A pesquisa evidencia que os alimentos veganos têm maior risco de apresentar carência de cálcio, potássio e sódio, entre outros nutrientes. Ou seja, fornecer uma dieta alternativa, caseira ou industrializada que seja equilibrada, é uma tarefa complicada que exige planejamento formulação específica de um veterinário ou nutricionista animal – particularmente para gatos.
Um dos motivos é que a necessidade nutricional dos cães e gatos está sobre o alicerce de nutrientes específicos, e não ingredientes específicos, conforme determinado pelo NRC (National Research Council, Estados Unidos). Dessa forma, os nutrientes podem vir de qualquer fonte possível, seja animal, vegetal ou sintética, porém devem atender os valores preconizados por entidades internacionais como a Association of American Feed Control Officials ou a European Pet Food Industry. Deve-se levar em consideração também as etapas de vida de cada pet, para elaboração de um alimento completo que respeite características qualitativas sobre a digestibilidade, valor biológico e palatabilidade de cada ingrediente. No Brasil, a Abinpet edita e disponibiliza o Manual Pet Food, alinhado com todos os parâmetros internacionais de qualidade.
Por seu histórico alimentar e pelos milhares de anos que passaram até chegarem a um processo de domesticação, cães provavelmente poderiam adaptar-se um pouco mais rapidamente a uma dieta vegana ou vegetariana. Atualmente, cães são considerados onívoros, enquanto os gatos permanecem considerados carnívoros ou parcialmente onívoros, tendo em vista que os próprios alimentos completos extrusados já forçaram sobremaneira tal adaptação dos felinos.
Dessa forma, a Abinpet defende o bem-estar animal sempre em primeiro lugar. Por isso, respeita as preferências de consumo e de estilo de vida dos donos de animais de estimação, mas alerta mercado e sociedade para o fato de que mais estudos e discussões são necessários para um panorama mais claro.