Amigos de todas as horas para deficientes visuais, cães-guia ainda são poucos no Brasil

Treinamento com voluntários, que recebem o filhote por 15 meses, é fundamental para sucesso do trabalho, explica o especialista George Harrison. Novo centro no interior de São Paulo procura interessados em hospedar cães.

 

Você provavelmente sabe o que é um cão-guia, mas talvez não saiba que no Brasil o número de deficientes visuais que pode contar com esse tipo de amigo é muito reduzido. Em um universo de 6,5 milhões de deficientes visuais no país, existem somente 160 usuários de cães-guias no Brasil.

“Continuamos enfrentando ainda as mesmas questões – explica o treinador de cães e fundador do Instituto Cão Guia Brasil George Thomaz Harrison – falta de investimento e suporte necessários para aumentar o número de animais disponíveis. Trata-se de um trabalho meticuloso, no qual o bem estar de ambos, deficiente visual e cão, devem ser garantidos. O cão precisa estar trabalhando de maneira feliz e saudável. Não se pode forçar o animal”.

seeing eye dog

Apesar de o treinamento de cães labrador e golden retriever ser o mais popular, altura e comportamento do filhote são itens que devem ser levados em consideração para o início do trabalho. Cerca de 30 raças têm registros em todo o mundo como cães-guia, como o poodle standard, o pastor alemão, schnauzers, entre outros. “Cada instituição possui um padrão de treinamento, mas em geral é aplicado o teste Volhard [que avalia diversos aspectos do comportamento do cão, como tendência à dominância, sociabilidade, medo, entre outros]. Essas duas raças são mais utilizadas por que são verdadeiros ‘coringas’ pela índole afável e a popularidade com as pessoas de maneira geral. Muitos poderiam se assustar ao ver em um shopping, na rua, ou no local de trabalho alguém com um cão de uma ração considerada agressiva”, explica Harrison.

O treinamento de cães-guia só é bem sucedido quando aliado ao trabalho dos socializadores, voluntários que recebem os animais por 15 meses, e devem, além de garantir sua alimentação e cuidados básicos, socializá-los de maneira plena, levando-os para todo tipo de local que podem frequentar quando já em parceria do deficiente visual como restaurantes, cinemas, locais de trabalho, a rua, hospitais, etc. “Isso é 80% do trabalho. Em geral, as pessoas já começaram a entender a importância dessa atividade. O importante é educar a sociedade para o fato de que esses voluntários, por estarem treinando os animais, têm os mesmos direitos de acesso que um deficiente visual. Quando você se torna um socializador, recebe uma carteirinha e o cachorro, uma medalha especial de identificação”.

Harrison agora lidera, também, o trabalho de treinamento de cães no recém-criado Instituto Magnus, na região de Sorocaba (SP). “Com o nascimento do instituto, procuramos socializadores nessa região do estado, que recebem todo suporte para manutenção do animal, como alimento, acessórios como potinhos de água e ração, consulta veterinária e visita de treinadores”. A Magnus é uma marca AdimaxPet, empresa associada Abinpet – Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação.

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