A essencialidade dos pets na vida das pessoas

Uma canção ficou muito famosa nos anos 80, propondo em seu refrão: “troque seu cachorro por uma criança pobre” (música de Eduardo Dusek). Eram outros tempos. A miséria no país era gritante. E principalmente ainda não se sabia, como é bem difundido hoje, quão fundamental é a convivência com animais de estimação para a qualidade de vida das pessoas. O mundo, nessas últimas três décadas, teve grandes transformações. Algumas condições de vida realmente melhoraram e a interação entre os pets e as pessoas é um caminho comprovado para construirmos efetivamente um mundo mais pacífico.

Pensemos que na linha do tempo da raça humana os bichos foram primeiro comida. Algumas espécies eram também predadoras, inimigas do Homem. Durante a evolução, alguns foram domesticados para subsistência, outros como companhia. Para isso, aumentou a compreensão e a comunicação entre as espécies. Hoje vivemos uma etapa ainda mais rica nessa relação, que é a de termos cachorros, gatos, pássaros e até répteis de estimação, como parte da família.

Estudos mostram algumas das consequências mais comuns em se ter um pet em casa. O aumento da autoestima é uma delas, assim como melhoras na interação social. Além dos benefícios da saúde mental, também trazem saúde física. Pesquisas comprovam a redução de problemas cardíacos e a diminuição do estresse em famílias que têm bichos de estimação.

Há também alguns estudos recentes revelando que famílias que mantém animais no lar tendem a gastar menos dinheiro com remédios. Importantes hospitais já admitem que pacientes, inclusive os que estão em unidades semi-intensivas, recebam visitas de seus bichos.

As estatísticas e dados econômicos não são sempre números frios, mas apontam tendências de comportamento, escolhas e necessidades da sociedade. No Brasil, por exemplo, o mercado de pets teve um crescimento muito relevante em menos de uma década: em 2006 movimentou cerca de R$ 3 bilhões e passou a movimentar R$ 15,2 bilhões em 2013. Projeções da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) apontam que são números em crescimento.

Há diferentes níveis de comprometimento do orçamento familiar para os cuidados necessários com bichos de estimação. O fato é que todas as classes sociais podem manter animais em casa. Se o gasto com um cão de grande porte é de cerca de R$ 315 por mês, entre ração, vacinas, banho e tosa, controle de pulgas, entre outros cuidados, as despesas com cães pequenos não passam de R$ 133. E com gatos, menos ainda, R$ 84,19. É ainda mais barato manter roedores, peixes, mustelídeos e répteis.

No mundo, o Brasil é o segundo país em número de animais domésticos, atrás apenas dos Estados Unidos. São 106,2 milhões de pets no país.

Terapia

Para pessoas solitárias, a companhia de cães e gatos diminui a sensação de solidão e consequentemente as chances de depressão – mal cada vez mais comum no mundo todo, observado com muita preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

As terapias assistidas por animais também têm alcançado importantes índices de sucesso. Pode-se ler notícias, por exemplo, de crianças com Transtorno do Espectro Autista ou com Síndrome de Asperger tratadas com a observação de peixes em aquários. Esse contato costuma acalmá-las, estimulam seu raciocínio, a coordenação motora, a comunicação e o conhecimento do próprio corpo e do espaço.

Aves como as calopsitas têm sido usadas para tratamento de crianças com Síndrome de Down.  Esse contato com um ser bem frágil e diferente desenvolve nelas, ao mesmo tempo, a identificação e o senso de responsabilidade. Outros tratamentos com animais beneficiam portadores de déficit de atenção.  O que provoca normalmente os avanços é a possibilidade da interação pelo toque e pela observação, com a criação de um vínculo emocional.

Aves e répteis

Com R$ 20 por mês é possível criar um réptil em casa. E uma ave, com apenas R$ 15. Algumas pessoas acham que não, mas esses animais também criam vínculos com seus donos. Basta que se perceba a particularidade de cada espécie.

As aves como calopsitas e periquitos australianos são muito indicadas para quem vive em apartamentos e ainda para quem tem crianças a partir de sete anos, pois nessa idade já podem entender melhor a fragilidade dos pássaros.

Já os répteis precisam de um terrário adequado às suas características, de pedras aquecidas e lâmpadas especiais, porque eles dependem do ambiente para regular a temperatura interna (diferentemente dos mamíferos). Mas como acontece com cães e gatos os répteis são muito receptivos a carícias.

O seja, não importa que bicho de estimação se adeque à sua vida, o que vale sempre é o cuidado e o que dele nasce: carinho, admiração, um senso de compreensão do diferente e companhia.  Chamemos de amor.

José Edson Galvão de França

presidente-executivo da Abinpet

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